Você muito provavelmente cresceu ouvindo diversas lendas do folclore brasileiro. Uma delas, por exemplo, é a do Homem do Saco Preto (ou Velho do Saco). Contudo, qual é a verdadeira história dessa figura? De onde ela realmente surgiu? Ela pertence somente ao folclore brasileiro?

Não sabe? Então, fique ligado, pois falaremos especialmente sobre a origem desse personagem do folclore abaixo!

– De onde veio esse nome?

Bom, se você clicou nesse artigo provavelmente não está esperando uma resposta óbvia como “ele se chamam homem do saco porque carrega um saco enorme e e adora comer criancinhas”.

Sendo assim, conforme menciona a Wikipédia, o Homem do Saco é uma figura mitológica muito parecida com o bicho-papão. Sim, caro leitor, esse mito está presente ao redor do mundo, seja em países de origem latina (vide Brasil, Portugal e Espanha), até outros países como da Europa Oriental, Haiti e Ásia.

Evidentemente, como lendas e mitos, cada uma dessas versões se adapta ao país (ou cultura) em que estão inseridas.

Aliás, aposto que você já escutou de seus parentes mais velhos ou até de professores quando era criança que o Homem do Saco caçava crianças mal-educadas porque ele queria tratar sua tuberculose.

Receio avisar vocês que infelizmente, essa história é verdadeira e provavelmente foi trazida ao Brasil por imigrantes espanhóis, tendo em vista que é uma história que ocorreu neste país.

Trata-se do assassinato do menino Bernardo Gonzalez Parra pelo criminoso Francisco Leona Romero. O crime ocorreu em Gádor no ano de 1910.

De acordo com a Wikipédia e para se entender as razões deste crime, há de se notar que naquele tempo, acreditava-se que tomar o sangue de uma criança humana e usar sua gordura corporal como um cataplasma (que é como se fosse uma “compressa” aqui no Brasil) era a cura da tuberculose.

A história começa quando Francisco Ortega (conhecido como o “O Mouro”) foi diagnosticado com tuberculose e então foi atrás de uma cura. Assim, ele visitou a curandeira da região chamada Agustina Rodriguez, que acabou por recomendar Francisco Leona, que era um barbeiro e curandeiro (de procedência duvidosa).

Isto posto, ele concordou em curá-lo pelo pagamento de 3000 reales. Desta forma, o pequeno Bernardo Gonzalez Parra foi sequestrado, drogado e colocado em um saco.

Depois do ocorrido, começou a ser utilizado também o termo Sacamantecas para denominar essa lenda urbana.

Talvez, pelo fato de a imagem do criminoso ter um aspecto negativo, o próprio imaginário popular tenha colocado o fato de que ele sempre está usando roupas maltrapilhas e acabadas.

– O Homem do Saco? Coca? Baba Yaga?

Já que entramos no assunto, vamos falar sobre os diversos “Homens do Saco” ao redor do globo.

Aproveitando a deixa do tópico acima, vamos começar pelo Sacamantecas.

É importante notar que existiram dois outros casos como os que foram acima pontuados, de acordo com a Wikipédia.

O primeiro é Manuel Blanco Romasanta que ocorreu quase 50 anos antes do caso que falamos previamente e também se trata do primeiro relato acerca de um serial killer que foi documentado na Espanha.

Ele praticou seus atos na região da Galícia e fazia sabonete com as gorduras de sua vítima. Além disso, também foi acusado de estar amaldiçoado com algum tipo de licantropia (ou seja, achavam que ele era um lobisomem).

Na Espanha também houve o caso de outro serial killer chamado Juan Díaz de Garayo, que realmente ficou conhecido como Sacamantecas, tendo sua imagem utilizada para que as crianças se comportassem.

Segundo a Wikipédia algumas das figuras mais importantes e que se relacionam também ao mito são:

Na própria Espanha, por exemplo, os pais cantam canções de ninar ou contam rimas aos filhos, avisando-os de que, se não dormirem, a figura do El Coco virá buscá-los.

Essa história teve origem no Século 17 e evoluiu ao longo dos anos, mas ainda mantém seu significado original. O significado advém do fato de que a “cara” peluda e castanha criada pelos três recortes da casca do coco lembrava os navegadores portugueses de “Coco”.

Foto meramente ilustrativa de Kamil Feczko na Unsplash

Na própria América Latina também é citado esse tipo de figura, embora seu folclore seja geralmente diferente e mais atrelado às crenças nativas e – devido à influência cultural -, é mais relacionado ao próprio bicho-papão dos Estados Unidos.

Nos países do Mediterrâneo Central e Oriental, existe outra criatura similar chamada “Babau” ou o “Homem Negro”.

A figura é retratada como um homem alto que veste um casaco preto conjuntamente a um chapéu que esconde todo o rosto. É dito que os pais costumavam assustar seus filhos batendo na parte debaixo da mesa para simular a figura chegando.

Nesta versão do “Homem do Saco”, ele levava as crianças para um lugar sombrio, mas não se alimentava delas.

Por fim, falaremos sobre o Butzemann que faz parte do Folclore Germânico. Cabe salientar que nessa própria cultura existem figuras que são parecidas com a de um bicho-papão, como um gnomo, fantasma ou até um animal.

Conforme é dito na Wikipédia, essa figura costuma ficar majoritariamente em locais como florestas, penhascos, corpos d’água, vinhedos, dentre outros locais. Além disso, dependendo da região em que se encontram, recebem nomes diferentes.

– Na Cultura Popular

Por ser uma figura presente em diversas culturas, nota-se que o Homem do Saco (e suas derivações regionais) podem ser vistos em diversas produções das mídias comerciais.

Entretanto, a fim de curiosidade, resolvemos trazer aqui uma representação não tão casual e interessante dessa figura. Trata-se do “sequestrador” do jogo de vídeo game Bloodborne. Nesta adaptação, se mistura o mito com uma visão Lovecraftiana, dando um senso de propósito próprio único ao personagem:

– Conclusão

Bom, pode-se notar que o mito do “Homem do Saco” não é meramente local, estando presente ao redor do mundo e adaptado à cada cultura. Ou seja, poderá ser utilizado ainda durante muitas gerações e por vários pais e mães, avôs e avós para assustar as crianças que não se comportem bem.

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Vitor Hossu

Vitor é editor, redator de conteúdo e tradutor. Fã de tudo que envolva os gêneros Terror e Bizarro, apesar de não se restringir a esses temas. É apaixonado por jogos, cinema e literatura, além de ser o idealizador do Navegando pelo Estige.

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